Na América do Sul e Central 32 milhões de adultos vivem com diabetes e esse número deve chegar a 40 milhões em 2030, segundo dados do último atlas da Federação Internacional de Diabetes (FID).
No Brasil, os números são igualmente preocupantes. O diabetes é uma doença séria em todo mundo, com impactos na qualidade de vida das pessoas e de seus familiares. Por isso, cada vez mais precisamos nos mobilizar e conscientizar.
Atualmente, com a ajuda da ciência e de profissionais de saúde, autoridades públicas e até mesmo de pacientes estamos conseguindo avançar no tratamento dessa doença.
Sabemos que nem todo diabetes é igual. Há vários tipos e subtipos e, sabemos também que, cada tratamento deve ser personalizado. E mais, a combinação de tratamento personalizado acompanhado de algumas estratégias padronizadas, por mais estranho que possa soar — é determinante para que possamos usufruir do que o avanço da medicina e a inovação tecnológica estão prestes a nos oferecer.
Diabetes e obesidade: Doenças gêmeas
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), 90% das pessoas com diabetes tipo 2 estão acima do peso. E esses “quilinhos extras” contribuem diretamente para o descontrole da glicose.
E uma vez que essas duas doenças, diabetes e obesidade, andam de mãos dadas, um novo capítulo no tratamento começou a ser escrito com o desenvolvimento de remédios e procedimentos aptos a domá-las. E até nessa esfera o conhecimento recente tem aprimorado a escolha do caminho a seguir — inclusive se for o do bisturi.
É o caso da cirurgia metabólica — hoje indicada para quem tem diabetes tipo 2 e índice de massa corporal (IMC) acima de 30 e que não obteve êxito com o tratamento clínico.
Encontrar o melhor meio de cuidar de quem tem diabetes é o meu desejo como profissional e acredito ser o pensamento de boa parte da indústria farmacêutica ao criar medicamentos e ampliar as opções de comprimidos e injeções.
Existem pelo menos sete classes medicamentosas no arsenal contra a doença, a começar pela sexagenária metformina. E o mais interessante de tudo isso é que, para facilitar a vida do paciente, os laboratórios vêm dando um jeito de juntar, num só comprimido, alguns princípios ativos.
Canetas de aplicação mais confortável e moléculas de ação ultrarrápida e prolongada são a face mais visível do que está à disposição dos pacientes que dependem da medicação em 2022, ano que marca o centenário da primeira injeção aplicada em um ser humano.
As novidades não param
INSULINA DE APLICAÇÃO SEMANAL
Desenvolvida pelo laboratório dinamarquês Novo Nordisk, a insulina de aplicação semanal Icodec pode chegar às farmácias em 2023, caso os estudos clínicos sejam concluídos com sucesso, demonstrando a segurança e a eficácia da nova terapia.
No Brasil, o Centro de Diabetes de Curitiba (PR), faz parte deste estudo que encontra-se na Fase 3, desenhado para pacientes do diabetes tipo 2.
A grande diferença é que as insulinas mais modernas demandam a aplicação uma vez por dia. Algumas vezes, são necessárias duas aplicações, quando a fórmula não é tão moderna. Com esse novo cenário que a Icodec apresenta, o paciente com diabetes poderá trocar de 365 até 730 injeções por ano para apenas 52 injeções.
PÂNCREAS ARTIFICIAL
O dispositivo chegou ao Brasil em fevereiro deste ano. Ele possui um reservatório onde armazena as doses de insulina e fica conectado, via bluetooth, a um sensor que acompanha a glicemia do paciente.
Durante episódios de desregulação glicêmica, quando os níveis de açúcar no sangue estão muito baixos ou altos, o dispositivo libera automaticamente o hormônio para um pequeno componente embaixo da pele da pessoa. A tecnologia já conta com a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no entanto, ainda não está disponível pelo SUS, mas a Associação Diabetes Brasil deve pedir ao Ministério da Saúde a liberação do acesso gratuito ao tratamento.
ANÁLOGOS DO GLP-1
Voltados ao tratamento do diabetes tipo 2 e de sua prima-irmã, a obesidade, as injeções subcutâneas são aplicadas diária ou semanalmente com canetas prontas para o uso. Entretanto, agora, temos disponível no mercado brasileiro a versão em comprimidos, lançada em abril, pela farmacêutica Novo Nordisk.
Com o nome comercial de Rybelsus, o medicamento mostra-se eficaz no controle da diabetes, na perda de peso, no controle da hipertensão, do triglicérides e da gordura no fígado.
Trata-se da semaglutida oral e o medicamento – já aprovado pela Anvisa – deve ser ingerido diariamente, em jejum, pelo menos meia hora antes do café da manhã.
Bem, como vimos, a revolução no tratamento do diabetes não se restringe aos medicamentos. Ela busca em todas as vertentes da tecnologia e da inovação. Ainda há muitos estudos e pesquisas em desenvolvimentos que buscam soluções engenhosas para o diabetes tipo 1 e 2, para o controle glicêmico, prevenção e cirurgia voltada ao diabetes. Nos resta aguardar e acompanhar o avanço da ciência.