A relação entre obesidade e os distúrbios no ciclo menstrual da mulher

Cada vez fica mais claro o quanto a obesidade interfere na saúde das pessoas. Para a saúde da mulher ela traz ainda muito mais riscos. No Brasil, mais de 47% das mulheres apresentam sobrepeso ou obesidade.

A obesidade tem um papel ativo na produção de nossos hormônios e na nossa ovulação, provocando alterações e distúrbios no ciclo menstrual.

Portanto, precisamos repensar nossos hábitos. E essa mudança deve iniciar o quanto antes. Recentemente, um estudo divulgado no JAMA Network Open, apontou que problemas menstruais são mais prováveis ​​em mulheres com sobrepeso quando crianças, ou seja, a massa corporal acima do normal na infância é um fator de risco para distúrbios pré-menstruais na idade adulta.

Preparei este material, para te ajudar a entender como o sobrepeso pode interferir no seu ciclo menstrual e as consequências que a obesidade pode gerar para a saúde da mulher. E assim, te ajudar a repensar seus hábitos. Confira!

Sistema endócrino e a obesidade

O sistema endócrino é o responsável pela produção dos hormônios que ajudam nosso corpo a regular funções de órgãos importantes e ainda controlam o nosso metabolismo, crescimento e sexualidade.

Os hormônios femininos são armazenados e metabolizados através do tecido adiposo que se encontra na gordura do corpo.

Essa gordura em excesso atrapalha o correto funcionamento da glândula hipófise que se encontra no cérebro e manda todos os comandos do corpo e desregula totalmente o ciclo assim como a ovulação.

Devido ao excesso de gordura, o corpo acaba produzindo mais estrógeno que o normal. Os estrógenos e adipocinas são moléculas produzidas pelas células adiposas e sua produção varia de acordo com a quantidade de gordura.

O aumento da resistência insulínica, e da produção dessas moléculas pelas células de gordura afetam o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, podendo desregular o ciclo menstrual e gerar distúrbios como: amenorreia (ausência de menstruação), hipermenorreia (aumento no fluxo menstrual), síndrome dos ovários policísticos e infertilidade.

Síndrome dos Ovários Policísticos – SOP

Esta condição afeta entre 9 e 25% das mulheres com obesidade e consiste em uma doença endocrinológica caracterizada pelo aumento da produção de hormônios masculinos (hiperandrogenismo).

O aumento da quantidade de gordura corporal na mulher provoca crescimento nos níveis de adipocinas – como foi explicado anteriormente – e pode levar a um aumento na resistência periférica à insulina e diminuir a quantidade de proteínas carregadoras de hormônios masculinos, ocasionando assim, a anovulação e o hiperandrogenismo.

Com os ovários policísticos a produção de andrógenos, que é um hormônio masculino aumenta sua produção que desequilibra completamente seu ciclo hormonal. Por sua vez, a testosterona produzida também interfere no trabalhar do ciclo que além de impedir que a ovulação ocorra, aumenta as chances de aparecimento de cistos.

Relação da obesidade com a fertilidade da mulher

O primeiro fator que faz com que a obesidade interfira na fertilidade é a questão hormonal. Pois, além da  ausência de ovulação, ela também pode ser responsável pela má qualidade dos óvulos, metabolismo mitocondrial embrionário anormal ou implantação deficitária do embrião tornando a concepção natural mais difícil.

Isso aumenta as chances de abortamento e provoca alterações nas trompas e endométrio, por exemplo. Há também maior dificuldade de estimulação ovariana em mulheres acima do peso que estejam realizando um tratamento de reprodução assistida, como a fertilização in vitro. Estudos demonstraram também que existe associação entre a obesidade e risco aumentado de abortamento espontâneo.

Obesidade e sangramento uterino anormal

Além disso, os níveis de estrógeno em excesso podem promover hiperplasia endometrial, aumentar o risco de hipermenorreia e câncer de endométrio. O estado pró-inflamatório da obesidade promove períodos menstruais mais intensos, com mais relatos de dismenorreia.

Os desequilíbrios hormonais, quando causados pela obesidade, costumam se normalizar com a perda de peso. Se você está acima do peso ou sofre com a obesidade e está tentando engravidar e não consegue, o melhor caminho é investigar sobre sua fertilidade, suas condições de saúde e as melhores opções para perder peso de forma saudável. Vale ressaltar, que a questão da perda de peso não está relacionada somente a aparência física ou estética, vai muito além das condições de saúde.

Fontes:

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – SBEM

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica – ABESO

Medscape

PebMed

 

 

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